Numa sociedade onde o capitalismo impera e a obesidade cresce exponencialmente, a nova onda de dietas e produtos "low carb" (baixos teores de carboidratos) tornou-se uma enorme obsessão. Incluem-se nessa categoria, as tão famosas Dietas do Dr. Atkins, da Zona e de South Beach. O que todas têm em comum é sua origem no país onde a população obesa é a que mais cresce no mundo: cerca de 65% dos norte americanos estão obesos. Tudo leva a crer que tantas dietas, manuais de emagrecimento, livros publicados, guias turísticos "descarboidratados", novos produtos nas gôndolas dos supermercados, sanduíches engordurados "low carb" levam a um único lugar: uma grande felicidade do comércio.
No Brasil, paralelo à desnutrição que ainda impera, cerca de 10% dos brasileiros adultos estão obesos, e outros 30% estão acima do peso saudável. Portanto, por volta de 50 milhões de pessoas deveriam perder peso para evitar as doenças crônicas não transmissíveis. Muitos se rendem aos modismos de emagrecimento que chegam por aqui e, sem sucesso, continuam a "engordar" a prevalência de obesidade no país.
O grande perigo nisso tudo é que vemos em meios de comunicação de massa (TV, rádio, mídia impressa e eletrônica), profissionais da saúde "habilitados" tecnicamente colaborando na promoção e propagação de informações que colocam em risco a saúde da população.
Deus precisará criar um novo ser humano que funcione sem carboidrato e não desenvolva efeitos colaterais e seqüelas. Enquanto isso, os "experts" continuarão insistindo em vender suas manobras metabólicas para a queima de gordura sem esforço.
As dietas "low carb" alteram o paladar e reduzem o apetite devido à alta formação e concentração de corpos cetônicos no sangue (cetoacidose). Os corpos cetônicos são substâncias derivadas da utilização de gordura como principal fonte de energia. Nesse tipo de alimentação ocorre um desvio do metabolismo: ao invés do corpo utilizar carboidratos como fonte de energia são utilizadas as gorduras, só que a um custo fisiológico alto, pois ocorre o desequilíbrio bioquímico do organismo.
Uma alimentação rica em proteínas certamente também é rica em gorduras, que aliada à restrição de carboidratos e fibras solúveis, elevam os níveis de colesterol, prejudicam as artérias, coração, funcionamento cerebral, sobrecarrega o trabalho renal para eliminação da uréia e creatinina (metabólitos da degradação de proteínas), provoca desidratação, obstipação intestinal, hálito cetônico, náuseas e dor de cabeça. Ocorre ainda carência de vitaminas e minerais (fome oculta), predisposição ao risco para desenvolver cálculos biliares e câncer. Há perda significativa de músculos gerando flacidez e quem pratica esportes sente fadiga muscular, falta de ar e de energia.
Quando o objetivo é o emagrecimento, não há "fórmulas mágicas". Na maior parte das vezes, quando uma dieta nova é lançada, é quase que certo que os interesses econômicos que existem por detrás são bem maiores do que a promoção da Saúde Pública.
É consenso entre os especialistas em Nutrição que, em hipótese alguma, deve-se responsabilizar um único nutriente ou alimento como causador da obesidade, mas sim um conjunto de comportamentos alimentares e de estilo de vida. A obesidade tem causa multifatorial.
No tratamento e prevenção da obesidade, é necessário equilibrar a ingestão de nutrientes, investir na variedade de alimentos (frutas, vegetais, grãos, cereais integrais), diminuir a ingestão de sal e açúcar, cuidar da qualidade e da quantidade da gordura ingerida.
Quando o objetivo é emagrecer a atenção deve estar voltada também para o Balanço Energético: calorias ingeridas e calorias gastas. Se a ingestão de calorias for maior do que o gasto energético, o resultado certamente é o aumento "silencioso" do peso corporal.
Cada indivíduo é único e sua alimentação deve ser tão individual quanto suas particularidades físicas, clínicas, fisiológicas, hereditárias, psicológicas e sociais.
Fonte: copacabanarunners.net
Data: 02/01/2007
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As famosas Dietas "descarboidratadas"