Não pegaria nada bem para a General Motors lançar mais um utilitário esportivo em plena maior crise de sua história – causada, entre outros motivos, pela queda na procura por carros grandes e gastões, uma de suas especialidades. Mas qual seria o problema se a novidade tivesse um “pequeno” motor 2.4 de 4 cilindros e ainda chegasse ao mercado com o sobrenome Ecotec, evocando a nova era de responsabilidade ambiental da marca? Nenhum, acreditam os executivos da Chevrolet, que apostam na fórmula racional do Captiva Sport Ecotec (Eco grafado em letras verdes, vale observar) para tomar de vez a liderança desse segmento no Brasil. Já nas concessionárias, a novidade chega por R$ 86 990, R$ 10 000 mais barato e 90 cv menos potente que o Captiva V6 – são 171 cv contra 261 cv.
Sem perder status, o Ecotec traz praticamente o mesmo nível de equipamentos das versões V6 – FWD (Front Whell Drive, ou tração nas rodas dianteiras), de R$ 96 990, e AWD (All Whell Drive, tração nas quatro rodas), de R$ 103 990 – e um ar mais despojado, com para-choques pretos, rodas sem o cromado “ame ou odeie” dos top de linha e bancos de tecido – eles são de couro nos demais Captiva. Quem optar pelo Ecotec ainda leva direção elétrica, mais confortável que a hidráulica do V6, ar-condicionado manual (digital no mais luxuoso), trio elétrico, câmbio automático de 4 velocidades – 6 velocidades na opção mais cara – com trocas sequenciais, controles de estabilidade e tração, 6 airbags, CD player com MP3, rodas de 17”, entre outros itens. A novidade fica por conta do computador de bordo, que estréia em todas as versões. É um belo pacote diante dos concorrentes mais fortes, Honda CR-V e Hyundai Tucson, que acabam ficando “pelados” quando comparados ao Chevrolet.
Menos potente, mais eficiente
Não há como deixar de comparar o Captiva 2.4 com o V6, que chegou primeiro – no finalzinho de agosto, mais precisamente. É claro que perto do 6 cilindros ele deixa a desejar, mas os 171 cv a 6 500 rpm e, mais ainda, os 22,2 kgfm de torque a 5 100 rpm cumprem bem o papel de um carro urbano (terra já é um passado bem distante na vida desses utilitários). Mais potente que CR-V e Tucson, o Ecotec é esperto quando está na rotação certa, mas um pouco lento se depende da resposta do câmbio. Para quem quer mais agilidade, o ideal é dirigir acionando o modo seqüencial, que fica na lateral da alavanca (confira na foto). Com uma suspensão bem acertada, ele não rola demais nas curvas mais fortes. Se você abusar– mesmo que propositalmente, como o Carro Online fez na pista de testes da montadora, em Indaiatuba (SP) – para ver como ele se comporta no limite, vai notar que o controle de estabilidade torna difícil qualquer barbeiragem mais séria.
Voltando ao motor, podemos dizer que a falta da pegada do V6 faz falta, sim, mas economiza na hora de parar na bomba de combustível: movido apenas a gasolina – ter o flex seria uma “tacada de mestre”, mas a Chevrolet não acha que isso seja tão importante para o público do modelo –, o Ecotec tem consumo médio de 11,7 km/l (50% na cidade e 50% na estrada). O V6 faz 9,6 km/l, de acordo com a média da Chevrolet, o que daria uma diferença de aproximadamente R$ 1 000 por ano para quem roda 20 000 km nesse período – o calculo foi feito em cima do preço médio da gasolina (R$ 2,51) divulgado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) em janeiro.
Ou seja, quem quer o V6 paga R$ 10 000 a mais logo de cara e se amarra com pelo menos mais R$ 1 000 por ano de combustível, mas leva potência e equipamentos como banco de couro, câmbio de 6 marchas, regulagem elétrica de altura do banco do motorista e ar-condicionado digital, coisas que o Ecotec, mesmo bem equipado, fica devendo. Não está nem aí para isso? Então não há nem o que pensar: vá de 2.4 que você estará muito bem servido. O meio ambiente e sua conta bancária agradecem.
Fonte: Gerson Campos / de Indaiatuba, SP
Data: 04/02/2009
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Captiva Ecotec busca "comprador racional"