RESUMO DE LIVROS - HLERA
Orkut

 
LETRA INICIAL DO TÍTULO/NOME DO LIVRO
 A   B   C   D   E   F   G   H   I   J   K   L   M   N   O   P   Q   R   S   T   U   V   W   X   Y   Z   # 

BUSCA
Procurar por:

Pelo: Título Autor


EÇA DE QUEIRÓS - A RELÍQUIA
Resumo:
"A Relíquia", publicada em 1887, é um dos livros mais irreverentes de Eça de Queirós (1845-1900), o grande mestre da prosa realista-naturalista em Portugal e um dos maiores estilistas de nossa língua. Sem nenhum favor, Eça é hoje reconhecido e apreciado, mesmo fora do âmbito de nossa literatura, como o principal responsável pela definição do moderno idioma português e comoum dos grandes precursores do romance do século 20. O realismo de Eça, porém, precisa ser bem caracterizado, pois é mais complexo do que sugerem as definições habituais desse estilo. Eça sabe ver o mundo de modo rigoroso, com um olhar frio e de desencanto. Mas, a exemplo de seu mestre Flaubert, também sabe usar e abusar do humor, da ironia e da fantasia, não como atitudes opostas à de um espírito objetivo, mas como outras formas de apreensão da realidade. O realismo de Eça não exclui o quimérico e o sarcástico, como bem notou o escritor argentino Jorge Luis Borges, grande admirador de Eça e, ele mesmo, um dos principais autores do que, em nossos dias, se vulgarizou sob o rótulo de "realismo mágico". Essa observação vale especialmente para "A Relíquia". O livro, por um lado, se inclui entre os grandes romances da segunda fase do escritor, a que vai de "O Crime do Padre Amaro" (1875) a "Os Maias" (1888). Nesse período, Eça procurou fazer um "inquérito à vida portuguesa", uma séria crítica das instituições que julgava responsáveis pela decadência e estagnação de Portugal: a Monarquia, a Igreja e a Burguesia. Por outro lado, "A Relíquia" pode ser considerada, junto à fábula "O Mandarim", a obra mais fantasista de Eça. Sua leveza antecipa o abandono do esquema naturalista e a identifica com as obras da terceira e última fase do autor, a dos romances como "A Ilustre Casa de Ramires" e "A Cidade e as Serras", em que o realismo se une ao lirismo. "A Relíquia" faz uma grande crítica e uma sátira hilariante do catolicismo em Portugal, por meio das memórias do narrador Teodorico Raposo, o "Raposão" (como as mulheres o chamam). Raposo é um jovem bacharel que, órfão, vive sob as ordens de Maria do Patrocínio, sua tia terrível e avara, casta e beatíssima, que controla a fortuna que o sobrinho espera herdar, em breve, com a morte da "Titi". Raposo, sabendo que "há razões de família como há razões de Estado", finge grande devoção e cumpre o desejo da tia carola, que, preocupada com a saúde incerta, o envia como seu representante na missão religiosa de percorrer a Terra Santa. Na companhia de Topsius, um caricaturesco arqueólogo alemão que vem a conhecer, Raposo vive grandes peripécias no Egito e na Palestina. A maior delas é uma enigmática viagem ao passado, à antiga Jerusalém, que ocupa o centro do livro. Nessa viagem-sonho, Raposo assiste aos bastidores do martírio de Cristo e descobre "a lenda inicial do cristianismo": a ressurreição não ocorreu. O livro se encerra com outro desmascaramento, o do próprio Raposo pela "Titi". Enganando-se no momento de entregar à tia a preciosa relíquia que trouxera (a coroa de espinhos de Cristo, que forjara com Topsius), Raposo lhe entrega outra "relíquia", um embrulho com a camisola de Miss Mary, uma prostituta que conhecera em Alexandria. Ao final do livro, Raposo conclui que perdera a herança da tia por não ter tido a coragem de afirmar: "Eis aí a relíquia! É a camisa de Maria Madalena!" (aludindo às iniciais "M.M." que, num bilhete, a acompanhavam). Como é comum em Eça, há no romance cenas simbólicas, cuja função é a de explicitar as teses do autor. Eça não aceitava o cristianismo como afirmação do sobrenatural, isto é, "a idéia de um deus transcendente que criou o universo" (Antônio José Saraiva). Em "A Relíquia", é o próprio Cristo quem afirma a Raposo, ao final do livro: "Eu não sou Jesus de Nazaré, nem outro Deus criado pelos homens (...) Sou anterior aos deuses transitórios: eles dentro em mim nascem, dentro em mim duram; dentro em mim se transformam (...) Chamo-me a Consciência".


Características:

 
BUSCA GOOGLE
Google


LOGIN




 
HLERA | Gaspar | Flog | Baladas | Agenda | Mensagens | Recados para Orkut | Web Developer | Orkut

Não leu os livros do vestibular e já está em cima da hora? Leia os resumos de livros para estudantes de vestibular.
HLERA.COM.BR ® 2002-2024 - Política de Privacidade
 
Web Designer