A Vara da Infância e Juventude de Contagem (MG) condenou o menor J., primo do goleiro Bruno Souza, a cumprir medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado, por envolvimento no desaparecimento e morte da estudante Eliza Samudio, ex-amante do jogador. Segundo a decisão proferida na última sexta-feira, o juiz Elias Charbil Abdou Obeid deve reavaliar a cada seis meses a manutenção do adolescente no estabelecimento educacional.
Após representação apresentada pelo Ministério Público (MP), o juiz entendeu que o adolescente teve participação no ato infracional análogo ao de homicídio triplamente qualificado, "realizado através de promessa de pagamento, com requintes de crueldade e por meio de asfixia e tortura, o que impossibilitou a defesa da vítima", além do sequestro e cárcere privado da jovem.
O magistrado julgou improcedente a acusação de ato infracional análogo ao de ocultação de cadáver. Segundo o juiz Obeid, não havia provas de que o adolescente tenha participado da ação.
"O adolescente, embora alegue não ter participado do delito, aderiu ao chamado intento criminoso, desenvolvendo atividades que possibilitaram seu êxito, desde sua efetiva participação no sequestro até a execução da vítima", disse o juiz. Segundo o magistrado, mesmo que os restos mortais de Eliza Samudio não tenham sido localizados, "a prova de materialidade se deu de maneira indireta, por meio lícito e idôneo, como a confissão do próprio adolescente".
O juiz determinou que J. deve cumprir a medida no Centro de Internação Provisória do Horto, onde está internado desde 13 de julho, até que a Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase) libere uma vaga para sua transferência. Segundo Obeid, o adolescente necessita de "uma abordagem firme e contundente, visando retirá-lo do seio da marginalidade, no qual ensaia os primeiros passos". "A natureza da infração e a sua conduta não indicam que deva ser colocado em liberdade, para sua própria segurança", afirmou.
O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que estão presos, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada.
Fonte: Redação Terra
Data: 09/08/2010
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Primo adolescente de Bruno é condenado por morte de Eliza